A Naval entrou de pé direito na Liga Sagres, com uma vitória tangencial (1-0) sobre o Marítimo, graças a uma golo obtido logo aos dois minutos de jogo pelo inevitável Marinho. Os homens de Ulisses Morais contribuíram assim para equilibrar a balança dos confrontos com os ilhéus, que está agora em dois triunfos para cada lado, num jogo marcado pelo tentativa madrugadora de segurar a vantagem e pelo final em sofrimento, sobretudo depois da expulsão de Baradji. Ainda assim, o Marítimo, candidato à Europa, tem muito a rever, principalmente no ataque, se quiser repetir o acesso a uma prova europeia.
O melhor que um treinador pode pedir é entrar num jogo a ganhar. Ulisses Morais teve essa benesse. Aos dois minutos de jogo, Marinho acertava com as redes insulares e colocava a Naval em vantagem num altura em que, como é natural, era impossível aferir da justiça do resultado.
Os figueirenses mantiveram o pé no acelerador durante mais alguns (poucos) minutos, perante um conjunto madeirense atordoado e ainda à procura de referências dentro de campo. Mas os donos da casa cedo afrouxaram o ritmo e deixaram o adversário tomar conta da partida.
O primeiro sinal de perigo dos comandados de Lori Sandri surgiu por intermédio de Pedro Moutinho, que aproveitou uma falha de Hauw para surgir perante Jorge Batista, mas a tentativa de chapéu saiu ao lado. Estava dado o mote para o despertar insular. Lentamente, os forasteiros foram montando cerco à baliza navalista e o mesmo Moutinho voltou a assustar as gentes locais com um cabeceamento à vontade, após centro de Manu que, nesta altura, depois de ter trocado de posição com Paulo Jorge, dava outra vivacidade ao ataque verde-rubro.
Se Jorge Batista respondeu bem da primeira vez que foi posto à prova, com uma defesa segura, já perto do final da primeira parte, ficou apenas a olhar para a bola, vendo-a esbarrar com estrondo no poste direito, num livre de João Guilherme. Merecia melhor sorte o jovem central.
A vocação para marcar cedo da Naval e, em especial, do baixinho Marinho esteve quase a materializar-se novamente, no início da segunda parte. Só que, desta feita, Marcos conseguiu evitar males maiores.
A aposta dos figueirenses tornou-se, então, bastante clara: defender com unhas e dentes a vantagem, voltar a dar a iniciativa ao adversário, e espreitar o contra-ataque. O Marítimo aceitou o convite e foi para cima do adversário, agora com um onze ainda mais abrasileirado, mercê das entradas de Fogaça, Marcinho e Djalma (este último é angolano), para os lugares de Pedro Moutinho, Manu e Paulo Jorge. O resultado destas mudanças foi um futebol mais rendilhado e menos directo do que na primeira parte.
A época ainda agora começou e já se nota a continuidade de uma das imagens de marca da Naval, que manteve a tendência para terminar os jogos em casa num prolongado sofrimento, não raras vezes em inferioridade numérica. Só faltava esse último aspecto para cumprir a tradição, mas Baradji, depois de uma entrada dura sobre Olberdam, manteve a "normalidade".
O epílogo da partida poderia ter sido decalcado praticamente de todas as vitórias da Naval em casa nos últimos tempos: defesa porfiada, algumas perdas de tempo e tentativas de ganhar faltas, perante um Marítimo que, pese o esforço, pareceu claramente incapaz de arranjar argumentos para contrariar a matreirice figueirense.
Por
Francisco Frederico, jornalista "Mais Futebol"